Será possível encontrar em meio aos livros de uma pessoa mapas secretos que nos indiquem um caminho por entre as defesas de sua essência? Há uma cena no capítulo de Evguiêni Oniéguin, após Oniéguin ter partido em suas andanças, na qual Tatiana, que o ama, encontra-se sozinha no gabinete dele. Ela lê avidamente e, sob o retrato de Byron e a estatueta de Napoleão, Tatiana explora um novo mundo, tentando decifrar a misteriosa essência do homem a partir das marcas deixadas pelas unhas nas páginas dos livros e das anotações feitas pelo lápis dele.
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Por toda parte a alma de Oniéguin
Involuntariamente se revela
Por uma breve palavra, por uma cruz
Ou por um ponto de interrogação
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Livros velhos são objeto de um tipo de desejo misterioso e compulsivo, nutrido por uma intuição obstinada de que ao serem manuseados, o passado e revelaria seus segredos, como se algum significado espiritual ulterior habitasse sua própria matéria. Livros são o cenário e o palco de seus próprios destinos, disse Walter Benjamin. Ao mirá-los vislumbramos o passado distante que eles encerram. Os livros que contemplei naquela tarde na sala de Sands compunham a arquitetura de uma biografia […].
A lanterna mágica de Mólotov – Uma viagem pela história da Rússia
Rachel Polonsky
Editora Todavia
Tradução de Sergio Mauro Santos Filho